Carochinha e o João Ratão

Personagens: A Carochinha, o João Ratão, o Cão, o Burro e o Porco.

 

Narrador:

Foi há muito, muitos anos,                                                                    

No tempo em que falavam os animais.

Existia uma linda Carochinha

Que passava noite e dia, a sonhar alto demais!                                                

 

Era esbelta e bonitinha!

Gostava de limpar a sua casinha.

Vivia muito triste, a coitadinha!                                                                                    

Era uma pobre baratinha.

 

Carochinha (triste a varrer):

Sou a carochinha, pobre e sozinha.

Tenho um sonho lindo, um desejo especial.

Encontrar um marido asseadinho.

E de beleza sem igual!

 

Narrador:

Mas sem um tostão no bolso,

A triste Carochinha passa o tempo a sonhar.

A varrer a cozinha, a limpar e a enfeitar.

Sonhando com o dia, um noivo encontrar!

 

Um dia, enquanto varria a cozinha.

Qual o seu espanto! Escondida num canto.

Uma moeda dourada de encantar.

Acabou-se o pranto, a Carochinha já vai namorar!

 

Carochinha (muito feliz):

Agora já sou rica, vou comprar um vestido brocado!

Vou ficar tão bela! Que vou colocar-me à janela.

Vou seduzir um bicho solteiro com uma linda canção.

Encantar de verdade, a minha emoção.

 

Narrador:

Ficando linda de morrer!

Com um vestido de seda decorado.

Carochinha nem pensou duas vezes!

Colocando-se logo à janela do adro. 

 

Carochinha (cantando) repetir três vezes:

Quem quer, quem quer…

Casar com a Carochinha.

É muito rica, bondosa e bonitinha?

 Narrador:

Com tamanha melodia!

Logo aparece o primeiro pretendente.

Um cão falante e jeitoso.

Que encanta toda a gente!

 

Cão (Fanfarrão):

Sou o Senhor cão,

Atraente e sedutor.

É teu, meu coração.

Que desabrocha como uma flor!

 

Carochinha (sedutora):

Senhor cão, obrigada!

Estou muito entusiasmada e grata.

Mas, para me sentir cortejada.

Faça-me uma serenata!

 

Cão (cantarolando):

És linda, minha amada.

Dedico-te esta canção.

A cantar ÃO ÃO ÃO

Queres ser minha namorada?

 

Carochinha (Assustada)

Senhor cão, lamento!

Com essa voz forte é um tormento!

Estou horrorizada, um marido que ladra!!!

Ficas meu amigo e mais nada.

 

Narrador:

Com o rabinho entre as pernas.

Lá vai o senhor cão a uivar.

Mas depressa a carochinha.

Se coloca à janela a cantar.

 

Carochinha (cantando) repetir três vezes:

Quem quer, quem quer…

Casar com a Carochinha.

Que está farta de estar sozinha?

 

Narrador:

 Com as orelhas empinadas.

Aparece o senhor burro, derretido.

Não desperdiça esta oportunidade.

De ser um burro comprometido.

 

Burro (embevecido):

Quero eu, meu tesouro.

Minha querida carochinha,

És como um brinco de ouro,

Brilhando na orelha de uma rainha.

 

Carochinha (sedutora):

Senhor burro, obrigada!

Estou muito entusiasmada e grata.

Mas, para me sentir cortejada.

Faça-me uma serenata!

 

Burro:

Ouve bem o que te digo:

Se casares comigo,

Jamais ficarás só!

Estarei sempre contigo – IÓ, IÓ, IÓÓÓ

 

Carochinha:

Que barulho infernal!

Fiquei tonta, só de te ouvir.

Desculpa Burro, amigo!

Mas não posso casar contigo. 

 

Narrador:

Sai de mansinho, chorando zurrar.

Com o orgulho ferido, vai devagar.

Lá está de novo a carochinha,

Pronta, a cantar e encantar!

 

Carochinha (cantando) repetir três vezes:

Quem quer, quem quer…

Casar com a Carochinha.

Que é linda e organizadinha?

… 

Narrador:

Quem não se fez esperar,

Foi o senhor Porco, cor-de-rosa!

A noiva ideal para casar!

Uma aposta, bem doce e airosa.

 

Porco:

Quero eu, minha flor!

A arrumação é o meu dom!

Casarei contigo, meu amor.

Sou honesto e muito bom!

 

Carochinha (sedutora):

Senhor porco, obrigada!

Estou muito entusiasmada e grata.

Mas, para me sentir cortejada.

Faça-me uma serenata!

 

Porco:

Ó que linda carochinha!

Que princesa tão singela!

P’ra falar, digo ÓIIIIC, ÓIIIIC, ÓIIIIC…

Ouves da tua janela?

 

Carochinha:

Não te quero como marido!

Que horror! Barulho ensurdecedor…

Se me casasse contigo!

As noites eram uma dor…

 

Narrador:

O senhor porco sai a roncar….

Macambúzio a deambular.

Mas Carochinha singela,

Depressa, corre para a janela.

 

Carochinha (cantando) repetir três vezes:

Quem quer, quem quer…

Casar com a Carochinha.

Que, se bem lava, melhor cozinha?

… 

Narrador:

Um ratinho bem atento!

Percebeu o desespero.

Aproximou-se da janela.

E reparou, como ela era bela!

 

João Ratão:

Carochinha minha querida.

Gosto muito de comida e limpeza.

Casarei contigo, para toda a vida.

Casarei, concerteza!

 

Carochinha (sedutora):

Senhor rato, obrigada!

Estou muito entusiasmada e grata.

Mas, para me sentir cortejada.

Faça-me uma serenata!

 

João Ratão:

Apetece-me cantar,

Só de olhar para ti.

Quero contigo casar!

Xiiii, Xiiii, Xiiii.

 

Carochinha:

Finalmente, encontrei o noivo ideal:

Honesto, simpático e sereno.

Com uma voz suave, doce e leal.

Com pêlo luzidio, fofo e pequeno.

 

João Ratão:

Meu nome é João Ratão.

Para ti, Joãozinho.

Toma a minha mão,

Dá-me um beijinho.

 

Narrador:

Com regras e decoro, logo naquele momento,

Combinaram o casamento.

Carochinha preparava, extasiada.

O grande dia! Entusiasmada.

 

Com um vestido branco,

Como manda a tradição!

Com cartola, o João ratão.

Lá vão preparando esta união.

 

Tinha chegado o dia do casamento.

Caminhando para a igreja.

Carochinha esqueceu um ornamento!

As suas luvas suaves como uma cereja!

 

Carochinha:

Nem pensar casar sem luvas!

João Ratão, vai a casa para as buscar,

Esqueci-as na cozinha,

Vai que tens de voltar!

 

Narrador: 

O João Ratão, lá foi a correr.

Buscar as famosas luvas!

Entrando rapidamente na cozinha,

Verificando o cheirinho saboroso, que se adivinha! 

 

João Ratão: 

Não esperes por mim em alvoroço

De coração sobressaltado!

Vou ver se está insosso ou salgado,

Rectificar o tempero escaldado.

 

Narrador: 

A curiosidade do rato era tanta!

A gulodice era o seu fraco.

O grande caldeirão, tampa tão pesada,

Ai que o João Ratão caiu no caldeirão e ninguém dá por nada!

 

Carochinha:

Que desespero, tanto que demora!

Não sei o que faça!

Meu peito adivinha uma desgraça!

E já passa de uma hora.

 

Narrador:

Carochinha decidiu ir a casa

Foi ver o que se passa.

Entrou na cozinha

E confirmou a desgraça.

 

Carochinha:

Ai, meu João Ratão,

Cozido e assado no caldeirão!

Não resistiu ao caldo

Mas que triste fardo. 

 

Ai o que foi acontecer,

Ao meu querido João Ratão!

Acabou numa panela.

Mais cozido que um feijão!

 

Narrador:

Olha a linda carochinha que casou com o João ratão,

Diz a história tão velhinha que caiu no caldeirão.

Com tamanhas escolhas, sem fundamento!

Ficou viuvinha com tanto lamento.

 

“Os sonhos comandam a vida”

Todos diferentes em cada um de nós!

Devemos ser organizados e não vaidosos.

Realizando os sonhos da vida, cuidadosos.